quarta-feira, dezembro 06, 2006


Passei por aqui e deixo-vos um beijo.

quarta-feira, novembro 15, 2006



Traçar uma rota.

Rumo ao sol.

E não desistir.

Criar novas ferramentas.

Compreender novos conceitos.

E acreditar que a vida só deixa de ser uma aventura, quando nós desistimos.

Dos lamentos, fazer reinvindicações.

E aí vou eu....saltando de pedra em pedra!

Para todos um beijo agradecido pelas palavras de carinho!

PS-Voltarei!

sexta-feira, outubro 13, 2006


Muitos dias de estrada

para um, apenas, de óasis.

Aqui pensei em ti.

segunda-feira, outubro 09, 2006



Hoje acordei frágil.

Não, ontem adormeci fragil. Deitei-me com a fragilidade de um coração de vidro, sem saber se me poderia deitar de bruços, se me poderia revirar na cama. Revirei memórias no medo de revirar o corpo e partir o coração. Descobri depois que as memórias também o partem. Acordei fragil com a fragilidade que me não deixou dormir, será que alguma vez fui miúda, a responsabilidade, a consciencia, o chegar a horas, o bater das teclas ritmadas com o tédio dos numeros, das informações passadas para o papel. Amarelado. E enquanto dactilografava fichas, adiava a vida, serio e cumpridor, nada consta em desabono. A consciencia dos dias a passarem e eu ali fechada, amarelada como o papel, cumpridora, o relogio que me retinha, as palavras que não poderiam ser escritas numa ficha amarelada de informação. Nada consta. Tudo consta. As palavras a dançarem à minha frente, logo faço bifes para o jantar, assim fico com tempo para elas, logo compro o jantar feito, apanho um táxi, dispo esta saia, descalço os sapatos e brinco no chão com elas. Mas a vida é só isto? em abono da verdade o desabono dos dias, das noites, seria e cumpridora, trabalho casa casa trabalho, o mar ao longe e os barcos de papel, desfeitos, sonhei com eles, feitos de fichas amareladas e depois descobri o Antonio Lobo Antunes, memórias de elegante, era eu uma miuda, será que algum dia fui miuda, o anticristo, depois. Elas dormiam já, arrumados os brinquedos, as superficialidades, as superficies limpas e desinfectadas, como se desinfecta um coração triste, um coração de vidro, que se parte, pode partir, ja se partiu.

De coração partido descobri os muros, o que andava eu a ler nesse tempo? não sei, escrevia, escrevi sobre o carroucel, escrevi sobre palavras cruzadas e estores que não permitiam que o som triste da alma saltasse pelo parapeito. muros. E depois não li, nem escrevi. Amei de novo. E voltei a acreditar que as noites compensassem os dias do serio e cumpridor, nada consta em desabono. Aprendi a navegar. Não lia, mas navegava.Montargil, lembram-se? Voces iam pelos campos e eu levava o barco, dizia-vos adeus até vos perder de vista e depois acelerava pelas aguas mansas da barragem, descobria as águias, descobria o vento no rosto e sentia-me feliz.

Abraçava-vos e fomos felizes até permitirem. Porque permiti eu a infelicidade?Não sei. Nunca deveria ter permitido. Nada consta em desabono. Nunca constou ate que o muro caiu, o anticristo se soltou em mim, a miuda irreverente voltasse para salvar o que outros destruiram. Como me poderia ser fiel, se nunca me foi leal? coração de vidro, que se parte, se pode partir, de novo partido.

Até que o serio e cumpridor nada consta em desabono, deixou de fazer sentido. Tudo deixou de fazer sentido. Só as máscaras dos outros agora faziam sentido. Cortantes como os vidros.

Nas teclas o ritmo do nada.

Apenas o som do meu riso amargo.

Não me vesti de luto. Corações partidos não precisam de se vestir.

Andam nus, inconscientes talvez da sua força,

inconscientes da sua rota,

inconscientes dos muros que quebram à passagem.

Hoje acordei fragil, quam sabe adormeci sobre o primeiro vidro partido do meu coração?

Disparate o meu, acordar assim com o coração nas mãos logo hoje, que fazes anos.

Acordar banhada em saudades tuas, ainda ontem partiste, acordar banhada em saudades minhas, acordar banhada em saudades do avô, se....a fragilidade dos ses que compõem o nosso destino, se....acordar banhada na dúvida, na pergunta, na inevitabilidade das razões, dos vidros, do coração.

Está bem, já vejo o teu olhar aflito, a censura no teu rosto compreensivo, oh mãe...logo hoje?

Limpo as lágrimas.

Se cá estivesses, nem irias desconfiar, como mais ninguem que me vir hoje desconfiará, mas que queres? gostaria hoje de te dar um beijo, abraçar-te e só te posso enviar este coração de nuvem, vidro e amor, que embora se parta de saudades rejubila de felicidade por tu existires!

Amo-te, querida!

Não desperdices a tua vida, um momento da tua vida, o sentido da tua vida!

Parabéns, filha minha!

domingo, outubro 08, 2006



Há 25 anos atrás eu era uma míuda gravida de esperança...

Com esta memória de elefante (ou dos sentidos?), com que nasci, consigo recordar ainda hoje o aroma de alfazema que fugia da gaveta onde guardava a roupa de bébé, seria Catarina ou seria o Rodrigo? consigo recordar o aroma dos produtos da Klorane, há muito arrumados numa cesta de verga à espera do bébé, o aroma dos lençóis, a ternura dos desenhos e bordados...com esta memória de elefante (ou dos afectos?) com que nasci, lembro-me de estar sentada no sofá da sala, depois do jantar, quando senti a primeira dor...quase nada, apenas moinha...eu era uma miuda gravida de esperança, quando senti o sinal da minha bébé, na televisão, o primeiro episódio do Àgua Viva, nos meus ouvidos, a música "Menino do Rio" do Caetano Veloso...eu era uma miuda, grávida de esperança, certa de saber a lição de cor, a mala com as camisas de dormir,, já há muito também à minha espera, o saco do bébé verde água, pousado à minha espera...eu era uma miuda gravida de esperança, quando senti a esperança em dor no meu corpo e a embalei durante tantas horas no meu coração, ao som do menino do rio...

Há 25 anos atrás, nesta noite, que hoje celebro quase só, eu e ela ainda éramos uma e eu não passava de uma miuda gravida de amor e esperança...

Há 24 anos anos atrás eu era uma miuda, para sempre gravida de amor e esperança, com duas filhas ao colo e um sorriso no rosto...

...25 anos de amor e de esperança...de noites mal dormidas, risos e benurons, abraços e gessos de rupturas de ligamentos, mas nunca de ligações...

Levei-as comigo até onde pude e quando já não as podia trazer comigo, fui eu com elas...

Celebro hoje, nesta noite serena, quase só, 25 anos de maternidade...

Amanhã a minha filha mais velha celebrará 25 anos de vida.
Esta noite, só minha, celebro-a ainda gravida de amor e esperança, para sempre...

Ser mãe é a amarra mais profunda e forte que qualquer mulher pode ter, para a prender à terra.

sexta-feira, outubro 06, 2006


De passagem. Um salto no coração e um nó no peito. De passagem. As temporas que rebentam a dor que de passagem te leva. Os passos que te esperam, o som ritmado duma maquina que te não traz. De passagem uma vida em coagulo que rebenta. De passagem os fragmentos que te inundam.De passagem damos vida, trituramos fomes, afastamos pesadelos, engolimos lagrimas, respiramos sabedoria, de passagem afagamos, amamos, ficamos um segundo, um minito, num relogio que bate ao contrario do tempo, os minutos que devoram uma vida, de passagem. De passagem escondemos memórias, arrumamos memórias. Que poderia eu ter feito por ti, que terias tu para lhe dizer que nunca o tivesses feito, de passagem a interrogação suspensa sobre o teu leito, o leite derramado, os anos de trabalho, o trabalho dos anos, a herança que não querias, o tratado que não fizeste, de passagem. O destino que não merecias, os anos que te roubaram, a saia fechada sobre o ventre de mae, de passagem a blusa rebentada pelo teu coração, aflição de pssagem.Mãe para sempre, o pai de passagem, o telefone que nunca tocou, a telepatia que não resultou, o silencio da passagem pelo corredor da espera.

O amor que te prende aqui.

A teimosia de te prender aqui.

Sobre o chão, sobre as tabuas de memórias arrumadas, lembro-me de ti e abraço a tua filha.




De passagem os sinais vitais que tardam.

A lágrima suspensa.






A vida é uma passagem, Paula, mas estamos aqui a segurar-te.



Nesta passagem ontem houve um milagre.

A Paula acordou, fala e não há uma única parte do seu corpo que não consiga controlar...
A Paula ainda ligada às máquinas, levantou o pescoço para receber o beijo da filha.

A Paula de 46 anos, resistiu ao rebentamento de dois aneurismas, o primeiro na 2ª feira aparentemente fraco e o segundo na 4ª feira, devastador e que a levou ao coma.

Estávamos todos preparados para o pior, mas felizmente os milagres existem.

A Filha voltou a sorrir.


E eu agradeco-vos todas as palavras, todos os beijos e todos os momentos em que comigo, pediram um milagre!

Obrigada, do fundo do coração!




terça-feira, outubro 03, 2006

Militante da não desistencia...









Se os muros não se transpõem....


vertical, a expansão.

De Luz. Sol. Alvuras. Jasmins.

segunda-feira, outubro 02, 2006



Segunda feira ou a impossibilidade de navegar.


Tempo de limpar os cascos.



Retirar os limos e criar novas rotas.


Trabalhar na embarcação.

Em terra.

Boa semana de trabalho!

quinta-feira, setembro 28, 2006



Contnuo a crer...de...acreditar.

Amem-se, curtam-se, mimem-se, soltem-se...

Bom fim de semana. :)

Vanda

quarta-feira, setembro 27, 2006

O verdadeiro propósito das relações...


..."na verdade, quando pensamos que estamos a escapar, estamos frequentemente, ainda que não o saibamos, a correr o mais que podemos para no envolvermos precisamente naquilo que tememos. Nas relações, em particular, parecem existir correntes submersas ocultas que utilizam os nossos desejos e intenções conscientes, para produzir o efeito oposto ao que pretendemos.
De facto, parece que qualquer relação significativa tem uma vida própria independente, com um propósito oculto à nossa percepção consciente.

....Nunca sentiu que os seus maiores esforços de navegar para porto seguro e se afastar da catástrofe serviram simplesmente para o fazer nufragr nos próprios bixios que tanto tentava evitar?

...Quando faço uma retrospectiva de quase cinquenta anos de vida, apercebo-me de que tentei sempre descobrir a chave elementar, que explicasse porque razão nós, seres humanos, suportamos tanto sofrimento no envolvimento com os nossos iguais...

...o que acabei por entender foi que as nossas relações mais marcantes existem por uma razão muito diferente daquela em que acreditamos, quer pessoalmente enquanto individuos, quer colectivamente como sociedade. O seu verdadeiro objectivo não é fazer-nos felizes, não é satisfazer as nossas necessidades, não é definir o nosso lugar na sociedade, não é manter-nos seguros...mas sim fazer-nos crescer para a Luz.

A questão de base é que, juntamente com as pessoas a quem nos encontramos ligados por laços de sangue, de casamento ou de afinidades profundas, seguimos uma rota definida com riscos e obstáculos, concebida para nos levar de um ponto de evolução para outro.

Na realidade, só teríamos a ganhar se, ao procurar entender a natureza frequentemente perturbada das relações humanas, nos recordassemos que existe uma eficiencia impecável e implacável no Universo, cuja meta é a evolução da consciencia.

E o que sempre, sempre impele essa evolução é o desejo"...

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Neste planeta em constante contracção, cada um de nós é, como nunca o foi antes, o guardião do seu irmão.


Pela primeira vez, existe em todo o mundo um elevado número de pessoas psicologicamene astutas, conscientes dos seus proprios sentimentos, comportamentos e motivações, bem como dos sentimentos, comportamentos e motivações dos outros.

Ao mesmo tempo estamos a ficar psiquicamente em maior sintonia uns com os outros e com outras dimensões da existência.

Aproxima-se o tempo em que deixam de poder existir a separação e o isolamento quanto à "minha perda", a "tua necessidade", o "sofrimento dele" ou a "fome dela".
Sentiremos cada vez mais os "fardos" uns dos outros e espero, estaremos dispostos a ajudar a carrega-los, reconhecendo que também são nossos.

Os maravilhosos ensinamentos da Era de Peixes -amor, sensibilidade, compaixão e perdão- vão ser-nos úteis quando aprendermos a alargá-los, não só aos nossos irmãos e irmãs mais proximos, mas tambem a todas as pessoas, em todo o lado, ao corpo da Humanidade, do qual fazemos parte.


Robin Norwood -"Porque eu? porque isto? porque agora?"



Um livro comprado em Novembro/o3 e que me ajudou a evoluir, a secar algumas lágrimas persistentes e a acreditar -ainda mais- no sentido da vida.

Julgo que é a primeira vez que vos deixo algo, escrito por outra pessoa, que não eu.

Faço-o hoje e com um enorme carinho e admiração, pela Luna.

Em troca do chá e do mel, que ontem aqui me aguardavam...

segunda-feira, setembro 25, 2006


Voltar ao mar.

Navegar.

Contemplações.

Lições.

Encontro de mim, comigo.

Equilibrio. A serenidade que só o mar me dá.

Partida do zero hidrográfico.


Saber que a miúda que fui ainda resiste.

E se perpetua,

noutros corpos.

de mar.

Urgente.

Resgatar.

Respigar.

Confiar o leme e ficar à proa.

Da vida.

Do salto. Assalto a esperança o sonho de outra terra. pEDRA SEM ÂNCORA.


Da aresta gelada do medo.

Desalentos liquidos.

Lamentos ao fundo.

Presos no ferro do passado.

Mais leve sigo.

Olhos ao alto.

Venha o vento.

Que a vida se ice!!!

Na noSsa força

o laborar dos cabos.

A esperança e a ousadia.

A teimosia de não desistir.

Ir.

Faz-te ao vento e ata-te ao mastro.

Nó de evasão.

Na evasão.

Piratas somos nós se nos deixamos fraquejar.

Saquear. De nós próprios.

Tropopausa num folego engolida.

Aproar em nós e seguir viagem.

Linha da vida.

Na palma da minha mão.

domingo, setembro 24, 2006










PARABÉNS, minha filha!



quinta-feira, setembro 21, 2006


Houve um tempo de mim, longe do mundo.

Como se o fio invisível que me liga aos outros, se tivesse quebrado.

Como se eu só os conhecesse de vista.
Ou como se só existissem em sonhos.

Num plano paralelo ao meu, mas tão infinitamente longínquo, que fosse racionalmente inadmissivel algum dia nos termos cruzado ou termos sido feitos da mesma matéria.

Passava pelos outros rostos com a estranha sensação de que os conhecia de algum lado e olhava surpreendida a quantidade de números de telefone, completamente desnecessários, que o meu telemóvel encerrava em si.

Talvez seja a isso que dão o nome de solidão.

A capacidade de nos desconectarmos do mundo.

Completamente.

Havia contudo, quem me beliscasse. Quem não se sentisse desmotivado pelo aparente desinteresse na minha própria vida e me levasse a procurar perguntas e respostas.

Sem asas ou rosto, um cheiro ou uma voz, o anjo apareceu-me e falou-me de si.

Dizia-me termos coisas em comum, profissão, filhos, idade.
Falou-me de livros, que só comprei para lhe fazer a vontade.


Em Busca da Alma Gémea...e... o Alquimista.

O primeiro enfureceu-me.

O segundo fez-me rir.

A fúria era saudável, advinha da amargura de saber que raramente duas almas se entregam numa dádiva plena de partilha da sua intimidade e verdade...que raramente nos casamentos existe essa intimidade verdadeira, do despojo de fachadas...de nos mostrarmos na nossa mais intima essência...

O riso foi irónico...e fez-me abanar as estruturas.
Porque afinal o livro me remetia para mim própria.
Para o lugar da partida.

E de mim, andava eu farta.

O anjo, mesmo assim, não desistiu.

Tomou forma de sms, porque no mundo dos anjos todas as formas são concebíveis e perfeitamente naturais.

Durante muitos, muitos meses, era a única pessoa a dar-me os bons dias, de uma forma especial, carinhosa e motivadora. Também era o único que me fazia olhar o céu. Sorrir.

E às vezes, sonhar.

Sonhar que na floresta não existissem só lobos maus.
Mas também anjos vestidos de sms que de manhã bem cedo se lembravam das avós incautas que andavam pelos caminhos da vida...

Algumas vezes ao longos dos meses -anos?-o anjo pediu para tirar a máscara de formato texto e a que fui, desse tempo, nunca aceitou.


...E à medida que me ia conectando de novo com o mundo, o anjo ia desaparecendo...
...como se adivinhasse que já me não era necessário...como se tivesse receio de incomodar o mundo...agora que eu já fazia de novo parte dele...

Mantive até hoje o milagre da sua aparição, à luz misteriosa do acaso.

Quando fiquei sem o meu telémovel, lembrei-me do anjo sem asas.

Nunca mais lhe poderia enviar o meu sorriso?

Entreguei ao acaso do destino o destino desse anjo e dos meus sorrisos.

Desses acasos que nos fazem encontrar pessoas, predestinadas a iluminar o caminho das outras ou ajudando-as a procurarem o seu próprio caminho...

Que dão tanto de si e do seu tempo pelo simples prazer de semear a alegria, a serenidade, a harmonia...

E que partem, altruístas, antes do tempo das colheitas...





Obrigada Z. por teres sido o braço que me amparou naquelas manhãs cinzentas, em que só por tua causa, para te responder, procurei o sol :)


Bem Hajas!

quinta-feira, setembro 14, 2006



Nem sombra de ti.

Na areia, ainda quente, em vão, tentei perceber a direcção dos teus passos.

Enviaste, contudo, passados muitos anos, uma impressão digital num postal sem selo, que eu nunca pude agradecer.

Falavas de terras que eu nunca vira e de rotas demasiado arriscadas para um sossegado destino como o meu.

Contavas-me das saudades do mar e da nostalgia da viajem, quando o coração sente a noite cair e ainda não conhece o olhar da mulher que o receberá.

Quando o corpo sujo do pó das estradas se dobra no vómito da solidão.

Falavas-me dos telhados de Alfama e da Mouraria, da luz única da nossa cidade, ao subir o Castelo...

Nas entrelinhas percebi a fome dos temperos de mão cheia, a sede do nosso olhar de rio, quando nos sentavamos no cais a tricotar sonhos, roubados aos livros de Geografia.

-Subíamos as escarpas da descoberta e antes de assinalarmos o feito, já novos caminhos prometíamos numa azáfama de partidas sem retorno, a uma terra que era já nossa.

Percebi também na paisagem do postal, a febre que te consumia e o perfume de jasmim que perseguias, no doce embalo de um comboio sem linhas, que já era o teu pensamento.

Soube-te perdido com a visão de um mundo demasiado pequeno para ti, sabia que o deserto vivia dentro de ti e nos glaciares longinquos por fim, acalmarias a morte. Dirias sorte.

E eu falava-te da esperança dos meus olhos, da poesia no eco dos passos, quando as ruas à noite adormeciam antes de nós...de um novo sol e de um novo riso, de um novo dia.

Rias-te, céptico da minha força, com os teus dentes brancos, mastigando as ironias de uma vida a prazo.

Há quantos anos se partiu já a nossa rosa dos ventos?

Não sei de ti nem que direcção tomaste.

Levaste contigo os meus poemas, escritos à mão em papel de contas, bem dobrado e, quem sabe...? é sobre eles, que hoje, ancoras o teu corpo, já cansado.

E a esperança resiste mesmo nas ruas mais frias.

segunda-feira, setembro 11, 2006

poesia tardia num corpo abandonado





Apareceste vestido de volúpia.
Tropeçaste na minha aparente indiferença
e falaste-me de um corpo que eu não conhecia.


Exploraste
em viagens contínuas
a feminilidade da minha paisagem
e desassossegaste as searas
alimentadas da minha insensatez.

Desvendaste templos.
Sensitivas Deusas se ergueram
magestosas
em teus dedos falicos
masculinos e perturbadores
de uma paz construida de véus...

agora despidos...
caídos...
e eu nua
perante os teus olhos
de águia
perguntei: Amas-me???

A sombra caiu sobre a tua boca
e eu nunca conheci a resposta.

Na pedra ígnea
do teu corpo
fiquei.
Para sempre
sou pedra também.


E o fogo já não mora aqui.


Beliche/Algarve/Ag2006

sábado, setembro 09, 2006

De pedra e mar....








Regresso lentamente aos gestos cotidianos...ainda de azul vestida...nuvem que teima em pousar...névoa que inunda...regresso à seda...à musica...voar...Café del Mar...rue du soleil...

Nos bolsos da mochila todos os entardeceres...

nos cabelos as ondas...

Nos olhos esta praia.

Só nossa.

E já tenho saudades....

quarta-feira, agosto 16, 2006

Upsssssss



Peço desculpa por este interrupção...o blog segue dentro de duas semanas :)

...fica tudo por vossa conta :))

Banhem-se, refresquem-se, refugiem-se, mimem-se, deitem-se, sonhem :))

Os tapetes magicos aqui ficam, todos à vossa disposição! :))

Prometo retomar a viagem em Setembro...até lá, para vocês, a quem não tive tempo de me despedir, os meus beijos e os meus votos de paz e harmonia!

Van

PS-E DE BOAS VIAGENS!!!!! :))

sábado, agosto 12, 2006

40 tapetes e um chá de menta...







Ainda em Kairouan, a visita obrigatória à Fábrica de Tapetes...


Na Mesquita das Mulheres, a circuncisão sempre presente.

Ritual da passagem de menino a rapaz...a Princípe...


E a estuque aqui se perpetuam sonhos de Principes e Noivas...

em rendas de lágrima.



...que a Luz transforma em beleza...

sexta-feira, agosto 11, 2006

A caminho do deserto....








Segundo dia na Tunisia.






Acordamos às 6.00h da manhã (5.00h em Portugal) com a euforia própria da viagem...do descobrir o que nunca vimos...O sol ja brilhava há muito tempo, a temperatura rondava os 28º e enquanto tomavamos o pequeno almoço, na esplanada do Hotel, olhavamos o mar, que íamos deixar para trás...

A caminho do deserto!

Almoçamos em Kairouan, cidade santa e capital magrebina, da Religião Islâmica...

...a Grande Mesquita alberga em datas importantes 10.000 fiéis...

Local de Meditação, Oração, Bem estar.

PARTILHA.

Ao domingo, com toda a comunidade reunida, os homens contam os seus problemas.

Há sempre um médico, um advogado, um enfermeiro ou ate mesmo um pedreiro ou canalizador, com a solução para o problema do outro...


Mesmo com a presença de dezenas de turistas, o homem não parou, nem por um instante, de ler o Corão na sua voz clara e envolvente...


Visitada a Grande Mesquita, seguimos para a Mesquita das mulheres e das crianças...

terça-feira, agosto 08, 2006


...Se não se contentarem com uvas, figos de cacto -oriundos das regiões a sul, desérticas- mangas, pessegos....


ou laranjas de mel...

convido-vos para um dos bares de praia...



Sempre com boa música, uma batida forte e alegre que pode ir desde os últimos exitos árabes, até às nossas tão conhecidas músicas latinas...

Se por acaso se esqueceram dos cigarros no hotel, não se preocupem...

....A praia, na Tunisia, é um pequeno mundo de oportunidades de negócio e decerto muitos vendedores de cigarros, pulseiras, amendoim torrado e caramelizado (hummm), passarão por vocês, ao longo do dia...



...dificil mesmo é sair da água translúcida...morna...aprazível...seja dia, seja noite...