sexta-feira, junho 02, 2006

Aqui sou palavras

Chipre 2005 - Fotografia P.P

Sofro de falta de espaço nas palavras.
Pode ser patológico ou uma questão de alma.
Pode ser um tudo nada já visto.
Ou uma questão de moral.
Pode ser defeito ou virtude,
não caber no social.
Convencional.
Sinto-me tribal.
Acendo fogueiras de feitiços de amor.

Descalça espero a dança da chuva.

Tentaram convencionar-me, sem sucesso.

Não me consigo reger pelas leis dos animais,
nem tão pouco usar espartilho,

quando de emoção me engordo.

Não me contenho numa casa,
faço do céu minha cama.
e do mar, meu confidente.


Conheço os buzios onde guardo meus segredos.

Não me seguro nas palavras,
transbordo-me de sentimentos.

Não me limito ao sonho,
e tento realizá-lo.

Pos de perlimpimpim.
na entrega renascida.
Lá.

que não aqui, nas palavras.

Não me findo numa estrela, tento sempre agarrá-la.

à rivelia do mundo,
mantenho secretamente as estrelas que possui.
E de manhã enfeito os olhos
com brilhos de querubim.

Racionalmente crente do que existe,
irracionalmente escondido nos outros.


Tão fora de tudo e do tempo
que mantenho as mãos vazias,
para mais um por do sol.


Angelicalmente
se faz noite de luz, em mim.

Sem a aridez da terra, nos sulcos do meu rosto.

Sem o vazio do nada, nas asas do vento que habito.

Vanda

terça-feira, maio 30, 2006

Uma alma torturada


Como apaziguar uma alma torturada?

Dizendo-lhe que a vida tem misterios mil que só espiritualmente poderão ser desvendados?

Dizendo-lhe que o valor de uma pessoa não está nas vezes que caíu...mas no número de vezes que se levantou e recomeçou do nada?

Explicar-lhe que o maior perdão, o mais apaziguador perdão, é o perdão que nos devemos dar a nós próprios, sempre que erramos, aceitando com humildade, compaixão e arrependimento, a insensatez dos nossos gestos, a ignorancia dos nossos actos?

Aceitando que não somos donos da vida, dessa dádiva?

Reconhecendo que não sendo donos da verdade, temos sempre dois caminhos para percorrer e dessa escolha sim, somos donos? Nos cabe a nós escolher o bem ou o mal?

Sussurrar-lhe que o ódio gera ódio? Pedir-lhe para não ser seu veículo?

Pedir-lhe para aceitar ajuda, que se ajudando a si, ajudará outros?

Porque nas terras do ódio e da raiva, onde o silêncio cresce de maldade, nessas terras infecundas, porque cegas, nada brilha, nada aquece, nada nasce...só a escuridão do tormento...

Pedir-lhe para escolher a estrada da Luz?????

Será que "ela" me ouvirá????

Será que "ela" se perdoará?

Será que "ela" aceitará?

Viver é muito dificil, a escalada é penosa muitas vezes, mas se não tentarmos o cume, o melhor de nós proprios ainda por acontecer, como poderemos dizer um dia, que valeu a pena Viver???