Incógnitas na cidade, de olhares escuros e rumos anónimos...como os passos que se perdem no encalço da noite, depois de se cruzarem brevemente com os meus.
Portas fechadas.
Porque a vida é pesada
e o passado se não apaga.
Porque os dias são lentos e a verdade magoa.
De arrependidas fecharam as portas, sem um queixume sem um ai, sem um sinal ou mensagem.
Porque é dificil ser gente. Ter esperança depois do nada a ganhar.
Porque é dificil partilhar.
Acreditar.
Porque é um risco amar.
Dar.
Portas fechadas, anonimas de historia, secas de sangue, amorfas de vida amachucada.
Portas fechadas à vida.
Sedentas de mãos.
É dificil viver com o ferro de um passado.
É triste viver com a angustia de um nada a perder.
Passeiam portas fechadas, sem nada a oferecer.
Perdidas as luzes na sombra presente.
São portas fechadas, passeiam caladas.
Sente-se o frio, nas unhas estaladas,
nas malas perdidas, palavras rasgadas
em gestos, trocadas.
-Quem me abre?
E cruzam-se connosco, o pedido vago no olhar anónimo,
no andar vagabundo de portas fechadas...
A solidão irrompe pelas ruas da cidade.
Grita e sussura alternando o timbre da dor.
Fere.
E esperam a salvação.