quarta-feira, maio 24, 2006

Portas de solidão (continuação)





Incógnitas na cidade, de olhares escuros e rumos anónimos...como os passos que se perdem no encalço da noite, depois de se cruzarem brevemente com os meus.

Portas fechadas.

Porque a vida é pesada
e o passado se não apaga.

Porque os dias são lentos e a verdade magoa.
De arrependidas fecharam as portas, sem um queixume sem um ai, sem um sinal ou mensagem.




Porque é dificil ser gente. Ter esperança depois do nada a ganhar.

Porque é dificil partilhar.
Acreditar.
Porque é um risco amar.
Dar.

Portas fechadas, anonimas de historia, secas de sangue, amorfas de vida amachucada.
Portas fechadas à vida.

Sedentas de mãos.

É dificil viver com o ferro de um passado.
É triste viver com a angustia de um nada a perder.

Passeiam portas fechadas, sem nada a oferecer.

Perdidas as luzes na sombra presente.

São portas fechadas, passeiam caladas.
Sente-se o frio, nas unhas estaladas,
nas malas perdidas, palavras rasgadas
em gestos, trocadas.
-Quem me abre?

E cruzam-se connosco, o pedido vago no olhar anónimo,
no andar vagabundo de portas fechadas...

A solidão irrompe pelas ruas da cidade.

Grita e sussura alternando o timbre da dor.

Fere.

E esperam a salvação.

terça-feira, maio 23, 2006

Portas de solidão

Passeiam-se portas entre livros.
Passeiam-se portas à beira rio.
Sentam-se em esplanadas e acordam

ainda fechadas
no primeiro arrepio de noite.
Passeiam-se portas.
Nos corredores dos centros de saude
levam no trinco o ansiolitico, pendurado
num saco, entre yogurte e bolachas.
Passeiam-se em mercados,
e comercios tradicionais
de portas abertas às portas fechadas.
Passeiam-se portas, em calçadas e ruelas.
Quem me abre?

e continuam a andar.
Levam misterios de desencontros
dos tempos das portas abertas,
Levam lágrimas pintadas
trazem o silencio
em espera.

Quem me abre?Passeiam-se à noite discretas nos cinemas. Portas às tantas fechadas à espera de quem as abra. Quando deixei eu de me abrir, quando deixei a teia se formar, a aranha expandir-se no seu circulo fechado? Passeiam-se portas. Às vezes ouve-se o vento pelas frestas das portas. Outras o ranger do desespero. Passeiam-se. Na sombra do presente, arrastam saudades.

Dos dias em que abertas de par em par deixavam entrar o sol.
Dos dias que eram passagem.

E sentem ainda nos cabelos a brisa que as encerrou.
Recordam ainda, passeando entre outras, o dia em que se fecharam.
Devagar, sem alarde, sem um bac que alertasse alguem...
Lentamente foram esquecidas as portas fechdas, que já ninguem abre.

Só um soluço na noite que esmaga e doi: Quem me abre?

segunda-feira, maio 22, 2006

Encontrada...!


Podem encerrar o caso.

Encontrei-a este fim de semana.

Fugiu para o Gerês, revoltada pela tourada no Campo Pequeno.

Dizia me ela que havia coisas que ainda não conseguia ruminar...

Ainda ha vacas sensíveis :)