sábado, abril 12, 2008

Religiosa resignação



-"Avó" posso levá-la em fotografia para Lisboa?
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-Lisboa é muita lonjura, daqui só indo para o outro mundo...
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A relatividade da distância. A simplicidade do caminho. A certeza.
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E ainda assim, o sorriso que se desenhou, depois, no seu rosto.
Sorriso de serranias a perder de vista, de pedra abrigo, de poente em lã branca...
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Que ainda esteja de saúde, Avó!





...........................................................Gerês Transmontano, Agosto 07


...........................BOM FIM DE SEMANA

sexta-feira, abril 11, 2008

Na ausência

Ainda Pedro era pequeno quando a vida lhe exigiu autonomia.
Aos três anos já sabia dar um nó nos atacadores dos ténis, aos quatro ligar a televisão, quando sózinho no quarto acordava, numa casa, onde todos ainda dormiam.
O Pedro, aos 5 ja telefonava para a mãe, os numeros eram simples para ele!
Aos 6 anos o Pedro, acordava cedo, ligava a televisão e numa taça de louça que tinha o cuidado de não partir, misturava cereais e leite.
Por tudo isso o Pedro era muito elogiado pelos pais, que se surpreendiam com a autonomia ganha tão facilmente pelo seu filho!
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Agradeciam a dádiva de um filho assim, que tudo aprendia com rapidez e desenvoltura e muitas vezes, pensavam o que seria deles, se assim não fosse.
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A correria das suas vidas não lhes permitia muito tempo disponível, era verdade!
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A carreira, as horas extras nos respectivos empregos, o ginásio onde ao fim do dia e manhãs de fins de semana iam descarregar todo o stress, as tardes de sábado nos longos corredores do supermercado, aquele cansaço crónico, aquela irritação latente, aquele mau humor que quase os caracterizava...
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Felizes pela aparente facilidade com que criavam o filho, repetiam muitas vezes:
- Não dá trabalho nenhum já viste? e sorriam orgulhosos.
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Felizmente o Pedro tinha amigos com quem passsar as tardes de domingo e um computador on-line e uma playstation onde desenvolver as suas capacidades de guerrilha e estratégia!
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Felizmente o Pedro tinha a hipotese de ficar no ATL até às 20h. e já sabia aquecer o jantar no microondas (foi a melhor descoberta dos últimos anos, então não?) enquanto eles discutiam os pontos altos e baixos dos seus dias de trabalho. Por o Pedro ser o filho que tanto os poupava, também eles poupavam ao Pedro os "nãos" que outros pais, coitados, não conseguiam segurar.

E depois...que vida esta! eles estavam tão cansados da labuta das suas vidas que preferiam anuir ao Pedro que gastarem mais um pouco da energia, já tão degastada!
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Aos 10 o Pedro ja tinha um portátil.
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Não fora dificil...bastara choramingar um pouco sobre as horas que passava sem ninguém!
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Aos 12 o Pedro, continuava a poupar trabalho aos pais, cada vez de forma mais meticulosa.
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Foi por isso, com surpresa que quando o Pedro tinha 16, os pais tiveram conhecimento que ia ser expulso do Liceu.
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Indignaram-se.
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Quando foram falar com a Directora de Turma, mais indignados, ficaram.
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Saíram da escola sem se aceitarem a si próprios: ao longo dos 16 anos de vida do Pedro, nunca tiveram tempo para o EDUCAR, nunca tiveram tempo para o CONHECER, alimentar a sua alma, polir as arestas daquele diamante em bruto, mostrar-lhe os outros lados de um sim, de um não e no seu imenso amor e carinho de PAIS, ensinarem respeito, disciplina, limites ou regras.
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Saberiam eles do que se estava a falar?

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A nossa missão de pais e educadores dá trabalho, requer atenção e esforços contínuos.
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E de todas as "tarefas" que conheço é a única onde nenhuma das partes se pode poupar ou poupar o outro...
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O Pedro é inventado, a história imaginada.
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

quarta-feira, abril 09, 2008



Não escrevo por ambição ou capricho.
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Escrevo por necessidade de um coração caprichoso,
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que por vezes me dita silêncio.
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Se eu fosse fadista, a escrita, seria fado.
Se eu fosse pássaro, a escrita, seria vôo.
Se eu fosse marinheira, a escrita, seria mar.
Se eu fosse simples, a escrita, não existiria.

terça-feira, abril 08, 2008

Fecha-se o livro de lembranças...




Para a Catarina, a Raquel e a Iara.
Para todos os navegantes que cruzarem esta latitude,
para quem ainda faça sentido um pé de dança :)






A valsa infinita do amor, do sonho e da magia.


Que a vida nunca vos pese!

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-mas se pesar, que a valsa,
a ousadia
a coragem de alcançar a "felicidade", estejam lá.
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No vosso coração.
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Doca de Stª Catarina, Londres, Março 2008.

segunda-feira, abril 07, 2008

Lembranças em Londres (XI)


Para a Isabel Mendes Ferreira.
Arca quimérica de palavras, sentimentos e arte, sem cadeado.
Obrigada, Maga, por teres sido musa, no meu caminho de pedras.
Por teres sido luz, nos meus olhos d'água.
Por teres sido árvore, na terra ressequida.
E estrada, quando me pensei, num beco sem saída.
Alma Mãe nos seus misteriosos desígnios.
Eu aprendiza da arte de viver te agradeço o carinho.

domingo, abril 06, 2008

Lembranças em Londres (X)



Sem dúvida, fruto de um coração "caprichoso", uno nesta lembrança de (e em) Londres,
duas mulheres, Al e Titá, que não se conhecem.


Associo-as sempre a uma janela florida.

A uma sala com lareira.

E risos e esperanças e laços.


Que se vão reflectindo ao longo dos anos.


Como os nossos. Sim???