sexta-feira, outubro 10, 2008

E a proposito de civilização....







Escravos da carne. Do sangue. De muros. Dinheiro. Status. Sempre escravos?
Fotos: Senegal, ilha de Gorée, Casa dos Escravos, Fevereiro 2002

segunda-feira, outubro 06, 2008






Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas, que esperam por nós
E outras frágeis,que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição.


Entre nós e as palavras, surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor.


E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis à boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita


Entre nós e as palavras, os emparedados,
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.


Mario Cesariny