"...só um mundo novo nós queremos,
o que tenha tudo de novo
e nada de mundo."
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Mia Couto, in "Cada homem é uma raça"
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ou, do Alien, a sua
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PETIÇÃO INICIAL
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Dá-me um cavalo uma alma uma nave
Dá-me um cavalo uma alma uma nave
Algo que voe ou galope ou navegue
E seja azul ou de outra cor mas leve
No seu vagar qualquer coisa que lave
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Dá-me uma curva um espelho uma pausa
Algo que brilhe e demore e seduza
E se transforme ao ar em luz difusa
Ou nada ou coisa que não tenha causa
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Dá-me um comboio um apito um berlinde
Algo que parta ou que role ou decida
E ao passar perto da hora perdida
Nos traga a rima precisa de brinde
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Dá-me um baloiço um esquadro uma vez
Algo que meça que oscile que seja
Uma surpresa o gesto que se beija
A última loucura que se fez
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Dá-me um segredo uma cor uma uva
Algo que importe ou se cheire ou escorregue
(Mas não tropece nem ceda nem negue)
Por entre dedos ou gotas de chuva
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Dá-me uma febre um papel uma esquina
Algo que rasgue ou se dobre ou estremeça
E que se esconda e mais tarde apareça
Sombra de vulto subindo a colina
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Dá-me um arco que seja íris
Dá-me um sonho que seja doce
Dá-me um porto que tenha barcos
Dá-me um barco que nunca fosse
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Dá-me um remo
Dá-me um prado
Dá-me um reino
Dá-me um verso
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Dá-me um cesto
Dá-me um cento
Dá-me só
Um universo
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.ou assim baixinho...quase sussuro, a tradução do meu sentimento:
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Eu queria inventar um sangue novo
que não perecesse
de desesperança
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eu queria inventar uma força
que a todos servisse
sem diferença
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eu qeria inventar um amor
que suportasse
a mudança.
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E um vento que nos levasse
-para lá do novo Bojador.