"...Sonhei-lhe. Ela estava no quintal, trabalhando no pilão.
Pilava sabe o quê? Água. Pilava água.
Não, não era milho, nem mapira, nem o quê.
Água, grãos do céu.
Aproximei, ela cantava uma canção triste, parecia que estava a adormecer a si própria.
Perguntei a razão daquele trabalho.
-Estou a pilar.
-Esses são grãos?
-São tuas lágrimas, marido."
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Mia Couto, in "Vozes Adormecidas".