
Doeste-me no estômago
como quem engole o ontem.
Côdea de memória roída.
as migalhas secas na toalha de linho
lembram-me os cristais que nunca vestirás.
opaco te lembro.
Talvez sejas o soco que não sei defender
desferir.
mas aprendi a impugnar.
talvez a moinha que teima em roer.
foste a parede muda de cal
o peixe que nunca me ouviu
o instante que se perdeu.
Doeste-me na vertigem rápida da aparição
eras tu ou era eu que te via?
na imagem que no tempo se repete.
fugidia.
quantas vezes terei de soletrar
e s p e r a
para ti comprei sete canetas
e ainda me sobram três.