sábado, maio 03, 2008






Doeste-me no estômago


como quem engole o ontem.


Côdea de memória roída.




as migalhas secas na toalha de linho



lembram-me os cristais que nunca vestirás.



opaco te lembro.




Talvez sejas o soco que não sei defender



desferir.



mas aprendi a impugnar.




talvez a moinha que teima em roer.



foste a parede muda de cal



o peixe que nunca me ouviu



o instante que se perdeu.




Doeste-me na vertigem rápida da aparição

eras tu ou era eu que te via?



na imagem que no tempo se repete.



fugidia.


quantas vezes terei de soletrar


e s p e r a


para ti comprei sete canetas


e ainda me sobram três.