Capela Ortodoxa-Cabo Grego-Chipre
Sou baptizada e crente.
Acredito no Bem e na Luz.
Luto por ambos os conceitos.
Mas estou viva e sinto e penso...(eu sei que pensar é transgredir)
Foi numa viagem ao Senegal que ponderei sobre esta Força Superior que nos leva a ter fé, a ter esperança, a tentar a cada dia que passa, superar o dia de ontem e aceitar esta vida, às vezes tão penosamente dificil...
Talvez levada por uma paz de espirito que há muito não sentia e que, repentinamente naquela terra desconhecida me invadiu...talvez levada pela serenidade protectora que senti ao entrar na única Mesquita onde a entrada de mulheres era autorizada, ainda que protegida por uma écharpe...que só os olhos desvendava.
Ou talvez porque afinal, todos nós, sem distinção de religião, sem distinção de raça ou de ideologia politica, oramos aos nossos "Deuses" as mesmas preces: saúde, paz, amor, alegria, sustento, equilibrio, serenidade, enfim...uma longa e próspera vida, para nós e para a nossa familia...
Talvez levada pelo som da "chamada" do fim do dia, surpreendida comigo própria por sentir também no meu coracão o chamamento para o momento de reflexão e oração...e na pureza de sentimentos, de elevação espiritual...
Talvez fosse de mim, ainda fragilizada, mas sentindo a vida despontar em cada poro da minha pele...talvez fosse da minha sensibilidade...
Dois anos passados, voltei a ouvir o "chamamento" em Marrokos...a mesma necessidade absoluta de me despojar de todos os pensamentos materiais, das alegrias fúteis...de me refugiar...
Por fim, o Verão passado, a sede de novas culturas e habitos levou-me ao Chipre, um país Ortodoxo e, como me senti bem dentro desta capela construída mesmo à beira do mar, protectora incontestável de marinheiros e viajantes...
Perguntei a mim própria que se passaria comigo de diferente, para em cada país que passo, não sentir qualquer pudor em pedir protecção divina...
...e a questão que ponho a mim propria é se, independentemente do Nome que LHE dão, Deus não será sempre Deus e se o resto, véu, manto, écharpe, pés nus ou fato formal, não teriam sido os homens que inventaram, nessa ganância destrutiva de tudo dividirem, para reinarem...